Da superação a recordes paralímpicos: Os quatro atletas que conduziram a tocha
- Carlane Borges
- 8 de set. de 2016
- 3 min de leitura
Em qualquer evento olímpico as emoções são muitas. Do inicio ao fim, no entanto, alguns momentos se destacam. Entre eles o revezamento da tocha olímpica para acender, finalmente, a pira olímpica. Momento que marca o inicio oficial dos jogos. Nos jogos paralímpicos Rio 2016 não foi diferente. Emoção traduz o sentimento de quem acompanhava.
A passagem da tocha teve inicio com o Corredor Antônio Delfino, atleta paraolímpico consagrado. Parte do braço esquerdo foi amputado quando tinha 17 anos em acidente no campo. Detentor de três medalhas paraolímpicas, sendo duas de ouro e uma de prata. A primeira medalha veio nas Paralimpíadas de Sydney, em 2000, essa que foi a primeira vez do atleta no evento. Em Atenas, 2004, voltou para casa com duas medalhas de ouro e um recorde mundial nos 400 m na classe T46.

A tocha segue seu caminho e chega as mãos da ex-atleta paraolímpica, Márcia Malsar. Com visível dificuldade, mas usando como suporte uma bengala, a queda durante o trajeto foi inevitável. Esse talvez tenha sido o pico de emoção da abertura. Márcia se levantou sozinha e mostrou aos que acompanhavam sua força de vontade. Por disputar na modalidade de atletismo e ter sido a primeira atleta a ganhar um ouro na modalidade, Jogos de Nova York/Stoke Mandeville, em 1984, ficou conhecida por dar maior destaque aos jogos e inspirar outros atletas. Ela é dona de quatro medalhas paraolímpicas, um ouro, duas pratas e um bronze. Dessas medalhas, três são resultados dos jogos de 1984.

Foto: Pablo Jacob
Antes de chegar ao seu destino final, a tocha passa pelas mãos da ex-atleta paralímpica Ádria Santos. Ex-velocista e atleta feminina com maior números de medalha nos jogos, 13 ao todo. Competiu em seis edições dos Jogos, de Seul 1988 a Pequim 2008. Seu curriculum conta com quatro ouros, oito pratas e uma de bronze. No primeiro ano que competiu uma paraolimpíada, Seul 1988, seu resultado foram 2 medalhas de pratas. O primeiro ouro veio em Barcelona 1992. Nas seguintes, 3 pratas em Atlanta 1996. Sydney 2000, 2 ouros e 1 prata. Atenas 2004, 1 ouro e 2 pratas. Seu único bronze foi em Pequim 2008, ultima paraolimpíada disputada.

(Foto: Rio2016/Andre Luiz Mello)
Ultimas mãos a passar pela tocha antes da pira ser acesa foram do nadador Clodoaldo Silva. Devido a complicações no parto, falta de oxigênio, o atleta teve paralisia cerebral. As sequelas afetaram os movimentos das pernas e a coordenação motora. Mas isso não foi o suficiente para fazê-lo parar. Possuiu 13 medalhas paraolímpicas, sendo 6 ouros. Em 2005 foi eleito e melhor atleta paraolímpico pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC). Depois de adiar sua aposentadoria prevista para Londres 2012, possivelmente essa seja sua ultima competição paraolímpica e em casa. Medalhas conquistadas nos jogos: Sydney 2000, 3 pratas e 1 bronze. Atenas 2004, 6 ouros e 1 prata. Pequim 2008, 1 prata e 1 bronze.

Pira olímpica sendo acesa por Clodoaldo Silva. (Foto: André Durão)
Ante o momento de acender a pira, Clodoaldo e sua cadeira de rodas poderiam ter sido impendidos por uma escadaria gigante. Mas a surpresa era justamente essa. No momento seguinte a escada se transformou em uma bela rampa convidando-os a prosseguir. A lição dada é sobre a necessidade de acessibilidade aos nossos deficientes. As emoções foram muitas e a escolha dos atletas para carregar a tocha não podia ser mais acertada. Os atletas demonstraram garra, força de vontade e companheirismo. Essas emoções foram apenas uma amostra do que ainda virá.
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